Racismo Não!

Data da Postagem: 29/08/2014

Recentemente, o Movimento Grêmio Vencedor (MGV) organizou um excelente seminário denominado Cultura da Paz nos Estádios - Erradicação do Racismo e da Intolerância, onde o tema do racismo no futebol foi amplamente debatido. Dentre todas as exposições, chamou-nos a atenção o depoimento emocionado de nosso ídolo Tarciso, um campeão mundial, sobre o seu enfrentamento pessoal contra o racismo.
 
Parece mentira, mas ainda hoje, em pleno Século XXI, há torcedores que se manifestam da pior forma possível, como se ainda estivéssemos vivendo a escravidão tardiamente extinta em nosso país no final do Século XIX. Não há nada mais odioso do que discriminar pela cor da pele ou origem étnica.
 
A Segunda Guerra Mundial mostrou-nos horrores nunca antes vistos praticados em nome de uma ideologia racista. Milhões de vidas ceifadas nos campos de guerra e nos terríveis centros de concentração, onde judeus, ciganos e inimigos políticos do regime de Hitler foram massacrados, sem que fossem poupadas crianças, mulheres e idosos. Não há quem não se emocione ao visitar um desses centros da morte. Nunca tive coragem. Bastou-me um passeio pela casa-museu de Anne Frank, em Amsterdan, para compartir, ainda que por poucos minutos, o sofrimento de uma menina levada para morrer em razão do puro ódio racial.
 
Penso que o racista dos dias de hoje, quando o debate em torno dessa ideologia é repudiado por todo o mundo civilizado, é sobretudo um recalcado. Um fracassado que ao não ter mérito próprio algum, busca justificar na cor da pele o que não logra por inteligência e esforço.
 
No esporte, particularmente no futebol, vicejam casos dessa natureza. Pessoas que buscam o anonimato da multidão para verter o ódio a si mesmas, a dor do fracasso pessoal então compensado pela falsa ideia da superioridade racial.
 
No Grêmio temos buscado promover campanhas contra o racismo e a discriminação (foto). Nesta semana, entretanto, com tristeza tomei ciência de um projeto que vai em sentido totalmente contrário aos ideais de tolerância e respeito às diversidades que devemos valorizar no mundo desportivo. Falo da intenção de alguns de adotar como paradigma para o clube a nefasta torcida do Borussia Dortmund, denominada Borussenfront, um dos maiores nichos do neonazismo na Alemanha. Sabe-se que a direção do Borussia luta ferozmente para combater os atos racistas e a pregação nazista dessa torcida, cujo líder Siegfried Borchardt encontra-se banido dos estádios naquele país. Aliás, essa grande nação que se ergueu das cinzas da destruição nazista, no mês de julho passado viu-se chocada com a eleição desse líder de torcida ao cargo de vereador da cidade de Dortmund. Eleição conquistada pelo Partido Neonazista.
 
O Grêmio não merece isso. A memória de Everaldo, a estrela de nossa bandeira, não pode ser tratada assim. Quando Lupicínio compôs o nosso hino não poderia imaginar que alguns torcedores, como os que vimos na última noite no jogo contra o Santos, pudessem nos envergonhar aos olhos do Brasil e do mundo, agredindo covardemente o atleta santista Aranha com palavras e gestos racistas.
 
Temos de dar um basta ao racismo. Agora e Já!
 
RENATO MOREIRA
Vice-Presidente do Conselho de Administração do Grêmio