Dez anos de um feito histórico

Dez anos de um feito histórico

Data da Postagem: 24/11/2015

No próximo dia 26 de novembro completam-se 10 (dez) anos de um feito histórico para o nosso Clube, mundialmente conhecido como A Batalha dos Aflitos.

Digo sempre que a vitória sobre o Náutico, em Recife, no antigo Estádio dos Aflitos, começou muito antes, a partir das reformulações feitas no Departamento de Futebol.

Quando o então Presidente Paulo Odone de Araújo Ribeiro me convidou para assumir o Comando do Departamento de Futebol, em meados de 2005, encontrei um grupo de profissionais majoritariamente desmotivado e sobre quem recaia uma enorme desconfiança do torcedor.

Afinal, vínhamos de um vexatório rebaixamento no ano de 2004 e até ali o time não engrenara. Encontrava-se próximo da linha do rebaixamento à Série C do Campeonato Nacional e recém substituíra o comando da Comissão Técnica por um jovem treinador, Mano Menezes.

Após uma vitória apertada em Porto Alegre contra o Paulista de Jundiaí/SP fomos a Anápolis para sofrer uma contundente derrota para a equipe local, o Anapolina: 4x0.

Havia muito o que fazer e a pressão da imprensa repercutindo a derrota era imensa.

A Direção, entretanto, não se deixou abater. Feitos alguns ajustes, inclusive com a saída do Diretor Executivo, que fora trazido no início do ano, e a contratação inevitável de alguns importantes reforços – afinal, sem investimento não se faz futebol de alto nível – retomamos o velho conceito e estilo de trabalhar para o clube: abnegação e suor.

Ao longo das rodadas daquele Campeonato Nacional conseguimos ir ajustando nosso ritmo e conceitos de trabalho com a Comissão Técnica. Com os resultados, aos poucos conquistamos o apoio do torcedor, que a cada jogo passou a lotar o Olímpico como se estivéssemos numa final de Copa.

A atitude de nosso torcedor contagiou-nos como um vírus mortal. Todos nós, Direção e Comissão Técnica, sabíamos que não teria mais volta. Só nos restava uma opção. Retornar à Série A, nem que para isso tivéssemos de derramar sangue. E foi quase isso, literalmente.

Costumo dizer aos amigos que não houve uma só “Batalha dos Aflitos” e sim uma sequência de jogos de extraordinária superação de nossos atletas.

E foi isso. Naquela derradeira partida, quando ao final do segundo tempo tudo parecia perdido para a maioria, entre nós havia a determinação de ir até o fim, custasse o que custasse. 

A decisão de manter a equipe em campo, com apenas sete jogadores, contra uma equipe inteira, um estádio lotado, um árbitro incrivelmente atrapalhado e um pênalti a ser batido já no final do jogo, foi consequência da lógica e da razão que empreendemos em nosso trabalho para o clube.

E uma vez decidido, lá estava Galatto, atrás da goleira, recebendo o treinamento incessante do Chico Cersósimo, enquanto os adversários se desconcentravam em meio ao tumulto em que se transformara o Estádio.

E após a “milagrosa” defesa, como muitos disseram – eu prefiro o termo “competente” defesa –, ainda restava um considerável período de jogo para suportar a pressão do adversário. E ocorreu o que ninguém esperava. Fizemos um gol e mostramos ao Mundo que em Porto Alegre havia um Clube não só Campeão Mundial, Bi-Campeão da Libertadores da América, dentre outros títulos, mas que não se rendia jamais. “O Clube da Luta”, como noticiou o Times, de Londres.

À Direção do Grêmio, aos meus companheiros do Departamento de Futebol, à Comissão Técnica liderada por Mano, Sidnei, Trevisan e Chiquinho, aos funcionários, aos torcedores e a todos os que contribuíram para aquela inesquecível conquista, o meu agradecimento de gremista. Nós honramos o Grêmio.

 

Renato de Castro Moreira

Conselheiro do GFBPA

 

Foto: Ricardo Duarte/ClicRBS