O exemplo de China

O exemplo de China

Data da Postagem: 29/10/2019

Recebi, na última sexta-feira à noite, no celular, um registro fotográfico do Jantar do Consulado do Grêmio em Farroupilha, enviado por um amigo gremista que dele participava. Na fotografia, destacava-se, sorridente e cercado de gremistas, o volante China! 

Recordei-me, naquele instante, que assisti à cerimônia em que o China foi eternizado na Calçada da Fama, em 2005, na véspera do jogo Santo André vs Grêmio, pela Segundona do Brasileirão daquele ano, na estreia da etapa de mata-mata. Foi num fim tarde de setembro, em meio às comemorações de aniversário do Clube, como tradicionalmente ocorrem as homenagens relativas à Calçada da Fama.

Não havia muita gente e uma turma das torcidas organizadas chegou a atrasar a saída dos ônibus que iriam para São Paulo, para acompanhar a partida do dia seguinte, para participar da cerimônia. Fazia bastante frio, já começara a escurecer e a equipe do Grêmio de então ainda provocava muita desconfiança. Nem mesmo os cânticos incessantes do pessoal já embalado que ia embarcar para São Paulo conseguia fazer com que despertássemos naquele entardecer lúgubre.

Até que o China tomou a palavra: fez um discurso simples, mas emocionado, batendo com o punho na artéria do pescoço, para mostrar como ela deveria estar saltada e pulsando quando se saia do túnel pra entrar em campo vestindo a camisa do Grêmio. Empertigado sobre os pés sujos de cimento, iluminou nosso início da noite, fazendo com que recordássemos as ocasiões gloriosas em que eles já haviam pisado os gramados do Morumbi, de La Plata, de  Montevidéu e de Tóquio. Quando terminou, muitos choravam! Foi inesquecível, e a sensação que tenho, hoje, é de que aquele discurso teve o efeito de fazer com que o próprio Grêmio despertasse da letargia, afinal derrotamos, no dia seguinte, o Santo André em São Paulo, e o restante daquela caminhada vitoriosa compõe mais um dos muitos capítulos gloriosos da nossa História. 

Essa recordação levou-me a concluir que faltou, lamentavelmente, alguém com o espírito do Henrique Valmir da Conceição, o China, em campo na infeliz noite da última quarta-feira, no Maracanã. Seu exemplo, contudo, é inspirador, o que dá a certeza de que, ali na frente, certamente teremos atletas que voltarão a jogar com a mesma disposição quando entrarem em campo vestindo a camisa Tricolor!

Thiago Cecchini Brunetto

Conselheiro do Grêmio